quinta-feira, 19 de maio de 2016

Microcorrentes X Reparo Tecidual


   Para melhor entendermos as aplicações das microcorrentes no reparo tecidual vamos definir primeiramente o que são microcorrentes, o que ocorre durante a fase de reparo e qual a importância dessa corrente para a fisioterapia.

     Mas afinal, o que são microcorrentes?

    É um tipo de modalidade terapêutica que utiliza uma corrente elétrica semelhante às produzidos pelo corpo durante o processo de cicatrização tecidual, sendo uma corrente direta, modulada, com a inversão de polos, apresentando amplitudes baixas que não provocam uma contração muscular.
     
     O principal objetivo das microcorrentes é o auxilio no processo cicatricial. Como isso ocorre? 

   As microcorrentes são capazes de produzir uma resposta biológica em tecidos como músculos, ossos e pele, o que resulta em efeitos locais. As células são como microbaterias elétricas, e como tal, necessitam estar em plena harmonia para funcionar corretamente. As células lesadas apresentam distúrbios relacionados a sua capacidade elétrica, gerando uma perturbação em sua função, que acaba por comprometer o tecido. As microcorrentes atuam diminuindo esta perturbação, resultando em um reparo tecidual mais rápido e uma melhora na função do tecido acometido. 
   As microcorrentes trabalham a nível celular a fim de compensar a diminuição da corrente bioelétrica disponível para o tecido lesado, aumentando a capacidade do corpo de transportar nutrientes para a célula, bem como auxiliar na eliminação dos resíduos metabólicos da área afetada. A figura 1 ilustra de maneira didática esta resposta biológica em uma lesão cutânea.


Fonte: DE PAULA, Ana Cláudia Rezende Araújo. 2016 


     As microcorrentes podem ser aplicadas em diversos tratamentos, com variadas finalidades, entre eles estão:



      As microcorrentes promovem:
·         Aumento do fluxo sanguíneo local, acelerando o processo de reparo e regeneração tecidual;
·         Normalização do pH local, aumento da síntese de proteínas como o colágeno e elastina.
·       Aumentam a destruição de bactérias em tecidos moles infectados. 

     As microcorrentes não apresentam perigos, devido à baixa intensidade que produzem, sendo então incapazes de estimular inervações sensoriais e motoras, podendo ser utilizadas em diferentes pacientes, de crianças até idosos. Entretanto, apesar de apresentar benefícios, a utilização das microcorrentes não é muito ampla. Poucos fisioterapeutas empregam a técnica para cicatrização de feridas. Atualmente sua maior utilização ocorre na área estética, com o objetivo de prevenção do envelhecimento cutâneo e o tratamento de estrias.

     A imagem a seguir (figura2) mostra o pé de um indivíduo que foi submetido ao tratamento com microcorrentes para auxiliar a cicatrização de uma ferida cutânea.


Fonte: AGNE, Eu sei eletroterapia - 2011, p. 109.





REFERÊNCIAS

AGNE, Eduardo.  Eu sei eletroterapia ... 2.ed. Santa Maria: Pallotti, 2011.

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13 comentários:

  1. Adorei esse post! O desenho ficou bem interessante! Parabéns!

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  2. Seria um bom recurso para tratamento de pacientes com ulceras de pressão?

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    1. Sim, pois entre os efeitos fisiológicos citam-se: o restabelecimento da bioeletricidade tecidual com o incremento do transporte pela membrana plasmática, o aumento da síntese de adenosina trifosfato e do transporte de aminoácidos, a aceleração da síntese de proteínas e o estímulo ao crescimento do tecido conjuntivo. Sendo assim, considera-se a microcorrente como alternativa para o tratamento de feridas com dificuldades de reparação, favorecendo tecidos desvitalizados, como úlceras de pressão, diabéticas, de estase e arteriais. Ressalta-se, entretanto, a importância de uma adequada avaliação previamente à utilização do recurso a fim de verificar se há presença de problemas que contraindiquem a utilização da corrente elétrica.
      Obrigado pela pergunta!

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  3. Ótimo post! Eu já realizei um tratamento, mas foi na estetica...

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  4. No texto fala que as microcorrentes diminuem a perturbação do tecido lesado, mas essa perturbação tem ligação com um desequilíbrio celular causado pela hipoxia?

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    1. Sim, já que uma consequência imediata e natural à lesão é a hipóxia. O tecido lesado não tem circulação e, consequentemente, um baixo teor de oxigenação. Assim, a ferida torna-se consumidora de energia, causando o acúmulo de lactato, acidose local e hipóxia tecidual. Como uma resposta fisiológica inerente às correntes elétricas é o aumento do fluxo sanguíneo na área estimulada, tal efeito pode ser minimizado, favorecendo o reparo.
      Obrigado pela pergunta!

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  5. Não entendi como as microcorrentes atuam na normatização do pH?

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    1. A alteração do pH produzida por uma corrente elétrica esta associada a capacidade desta promover uma dissociação iônica. A microcorrente é uma corrente unidirecional e, portanto, tem um importante efeito eletroquímico.
      Obrigado pela pergunta!

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  6. Existe alguma contraindicação sobre tal uso?

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    1. Sim. As contraindicações para o uso de microcorrentes são divididas em:
      Absolutas: alergia ou irritação induzida pela corrente elétrica e em casos de neoplasias.
      E relativas: região de útero gravídico, uso de marcapasso (não pode utilizar na região do marcapasso, porém pode ser aplicada em outras regiões do corpo).
      Obrigado pela pergunta!

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  7. Show de bola! parabéns aos alunos e a professora!

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  8. Muito bom. Na estética realmente é mais valorizada...

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