Para melhor entendermos as aplicações das
microcorrentes no reparo tecidual vamos definir primeiramente o que são
microcorrentes, o que ocorre durante a fase de reparo e qual a importância
dessa corrente para a fisioterapia.
Mas afinal, o que são microcorrentes?
É um
tipo de modalidade terapêutica que utiliza uma corrente elétrica semelhante às
produzidos pelo corpo durante o processo de cicatrização tecidual, sendo uma
corrente direta, modulada, com a inversão de polos, apresentando amplitudes
baixas que não provocam uma contração muscular.
O principal objetivo das microcorrentes é o
auxilio no processo cicatricial. Como isso ocorre?
As microcorrentes são capazes de produzir uma
resposta biológica em tecidos como músculos, ossos e pele, o que resulta em
efeitos locais. As células são como microbaterias elétricas, e como tal,
necessitam estar em plena harmonia para funcionar corretamente. As células
lesadas apresentam distúrbios relacionados a sua capacidade elétrica, gerando
uma perturbação em sua função, que acaba por comprometer o tecido. As microcorrentes
atuam diminuindo esta perturbação, resultando em um reparo tecidual mais rápido
e uma melhora na função do tecido acometido.
As microcorrentes trabalham a nível celular a
fim de compensar a diminuição da corrente bioelétrica disponível para o tecido
lesado, aumentando a capacidade do corpo de transportar nutrientes para a
célula, bem como auxiliar na eliminação dos resíduos metabólicos da área
afetada. A figura 1 ilustra de maneira didática esta resposta biológica em uma
lesão cutânea.
Fonte: DE PAULA, Ana Cláudia Rezende Araújo. 2016
As microcorrentes podem ser aplicadas em diversos
tratamentos, com variadas finalidades, entre eles estão:
As microcorrentes
promovem:
·
Aumento do fluxo sanguíneo local, acelerando o
processo de reparo e regeneração tecidual;
·
Normalização do pH local, aumento da síntese de
proteínas como o colágeno e elastina.
· Aumentam a destruição de bactérias em tecidos moles
infectados.
As microcorrentes
não apresentam perigos, devido à baixa intensidade que produzem, sendo então
incapazes de estimular inervações sensoriais e motoras, podendo ser utilizadas
em diferentes pacientes, de crianças até idosos. Entretanto, apesar
de apresentar benefícios, a utilização das microcorrentes não é muito ampla.
Poucos fisioterapeutas empregam a técnica para cicatrização de feridas. Atualmente sua maior
utilização ocorre na área estética, com o objetivo de prevenção do
envelhecimento cutâneo e o tratamento de estrias.
A imagem
a seguir (figura2) mostra o pé de um indivíduo que foi submetido ao tratamento
com microcorrentes para auxiliar a cicatrização de uma ferida cutânea.
Fonte: AGNE, Eu sei
eletroterapia - 2011, p. 109.
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 9 Abr.2016
Adorei esse post! O desenho ficou bem interessante! Parabéns!
ResponderExcluirSeria um bom recurso para tratamento de pacientes com ulceras de pressão?
ResponderExcluirSim, pois entre os efeitos fisiológicos citam-se: o restabelecimento da bioeletricidade tecidual com o incremento do transporte pela membrana plasmática, o aumento da síntese de adenosina trifosfato e do transporte de aminoácidos, a aceleração da síntese de proteínas e o estímulo ao crescimento do tecido conjuntivo. Sendo assim, considera-se a microcorrente como alternativa para o tratamento de feridas com dificuldades de reparação, favorecendo tecidos desvitalizados, como úlceras de pressão, diabéticas, de estase e arteriais. Ressalta-se, entretanto, a importância de uma adequada avaliação previamente à utilização do recurso a fim de verificar se há presença de problemas que contraindiquem a utilização da corrente elétrica.
ExcluirObrigado pela pergunta!
Ótimo post! Eu já realizei um tratamento, mas foi na estetica...
ResponderExcluirNo texto fala que as microcorrentes diminuem a perturbação do tecido lesado, mas essa perturbação tem ligação com um desequilíbrio celular causado pela hipoxia?
ResponderExcluir
ExcluirSim, já que uma consequência imediata e natural à lesão é a hipóxia. O tecido lesado não tem circulação e, consequentemente, um baixo teor de oxigenação. Assim, a ferida torna-se consumidora de energia, causando o acúmulo de lactato, acidose local e hipóxia tecidual. Como uma resposta fisiológica inerente às correntes elétricas é o aumento do fluxo sanguíneo na área estimulada, tal efeito pode ser minimizado, favorecendo o reparo.
Obrigado pela pergunta!
Não entendi como as microcorrentes atuam na normatização do pH?
ResponderExcluirA alteração do pH produzida por uma corrente elétrica esta associada a capacidade desta promover uma dissociação iônica. A microcorrente é uma corrente unidirecional e, portanto, tem um importante efeito eletroquímico.
ExcluirObrigado pela pergunta!
Existe alguma contraindicação sobre tal uso?
ResponderExcluirSim. As contraindicações para o uso de microcorrentes são divididas em:
ExcluirAbsolutas: alergia ou irritação induzida pela corrente elétrica e em casos de neoplasias.
E relativas: região de útero gravídico, uso de marcapasso (não pode utilizar na região do marcapasso, porém pode ser aplicada em outras regiões do corpo).
Obrigado pela pergunta!
Muito bem explicado
ResponderExcluirShow de bola! parabéns aos alunos e a professora!
ResponderExcluirMuito bom. Na estética realmente é mais valorizada...
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