Eletroterapia para controle da dor durante o trabalho de parto

     A eletroterapia é um método de tratamento não farmacológico utilizado na fisioterapia para o tratamento de diferentes disfunções, dentre as quais, a dor. Devido a isso, é crescente o uso desta técnica para auxiliar no controle da dor durante o trabalho de parto. Este post resume a opinião de 3 fisioterapeutas atuantes na fisioterapia uroginecológica, com experiência no trabalho com gestantes.

• ·        Entre os recursos eletroterápicos, qual corrente o fisioterapeuta pode utilizar no auxílio do controle da dor durante o trabalho de parto?

Segundo os profissionais, o procedimento mais usado no mercado brasileiro é a aplicação da corrente popularmente conhecida como “TENS”, sigla originada do inglês “Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation”, uma estimulação com as seguintes características: corrente pulsada, com fluxo de elétrons bidirecional, com frequência (F) variando na faixa de 2 a 200 Hz e duração de pulso (T) entre 20 e 200 µs; as escolhas dos valores de F e T são baseados no tipo de efeito que se deseja (imediato ou a longo prazo).

• Em que momento deve-se aplicar a corrente e em qual região?

A aplicação da eletroterapia pode ocorrer durante todo o trabalho de parto. Os eletrodos são colocados na área de dor e, como essa varia ao longo do trabalho de parto, os locais de colocação dos eletrodos irão mudar ao longo do processo.

• ·         Quais os parâmetros podem ser modulados?

Normalmente, os geradores de corrente pulsada permitem o ajuste da Frequência (F), da Duração de pulso (T), da Amplitude (limiar) e do Tempo de aplicação (minutos) da corrente. O ajuste das características do pulso (forma da onda, simetria e equilíbrio do pulso, rise e decay) na maioria das vezes não é possível de ser realizado, sendo, portanto, fixos de acordo com o que foi determinado pelo fabricante do gerador.

• ·         Qual sensação que a paciente sentirá durante a aplicação da corrente?

A paciente irá sentir uma sensação de parestesia (formigamento) na região onde a corrente está sendo aplicada.

• ·         O que explica o efeito analgésico promovido pela eletroterapia?

O estímulo elétrico aplicado sobre a pele ativa os receptores sensitivos que se conectam. As fibras A-beta é responsáveis pela condução de estímulos mecânicos e térmicos não lesivos. Essas fibras, altamente mielinizadas, ao chegarem na região medular fazem sinapse com interneurônios inibitórios presentes na substância gelatinosa, os quais são responsáveis pela liberação de encefalina, cuja ação é a inibição das células T.  Essas células T são responsáveis pela condução do estímulo de dor da periferia (via fibras A-delta e C) aos tratos superiores que conduzem o estímulo de dor aos centros nervosos superiores. O balanço entre os estímulos excitatórios e inibitórios sobre as células T será responsável pela magnitude do efeito da eletroterapia sobre a dor. Quanto maior for a intensidade dos estímulos inibitórios, maior será o efeito sobre a dor. Esse mecanismo é conhecido como Teoria das Comportas / Modulação Ascendente Castel I.

• ·         O uso da corrente elétrica terapêutica para o controle da dor durante o trabalho de parto traz algum malefício para o bebê?

Atualmente não tem nenhum estudo que comprove que o uso da eletroterapia no trabalho de parto cause algum efeito adverso no bebê. Porém acredita-se que ao usar eletroterapia há uma diminuição do uso de anestésicos, deste modo, minimizando a incidência de efeitos indesejáveis tanto para a mãe, quanto para o bebê.

Diante do exposto, pode-se perceber que a eletroterapia apresenta boas indicações para auxiliar a gestante no controle da dor durante o trabalho de parto. A ocorrência dos benefícios dessa terapia, entretanto, dependem do conhecimento que o profissional tem sobre como determinar adequadamente os parâmetros e técnica para aplicação da corrente elétrica e ajustá-los à necessidade de cada cliente.