“TENS” e “FES”: Você sabe o que estas “siglas” significam?

“TENS” é uma sigla originada da expressão inglesa “Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation”, designada para descrever uma das formas de utilização da eletroterapia mais comumente usada pelos fisioterapeutas: a estimulação elétrica do nervo via eletrodos transcutâneos.

 Sendo assim, “TENS” não é um aparelho, como muitos pensam. Um gerador de corrente “TENS” pode ser usado para toda aplicação eletroterápica que tem como objetivo estimular um nervo usando eletrodos de superfície. O exemplo mais conhecido é a utilização da corrente elétrica para o controle da dor. Porém, a estimulação elétrica transcutânea (EETC) pode ser usada para várias outras finalidades como: para o tratamento paliativo da dor causada por doença óssea metastática e neoplasias; efeitos antieméticos e regeneração de tecidos, embora seja usada com menor frequência nessas ações; em pós-operatório; para desordens temporomandibulares; assim como no tratamento da bexiga hiperativa; puerpério; diminuição da espasticidade; auxilio no treino funcional, dentre outros.

 Surge desta última aplicação, outra sigla, conhecida como “FES”, cujo significado é “Functional Electrical Stimulation” (Estimulação Elétrica Funcional - EEF). Assim como a sigla``TENS´´, ´´FES´´ não é uma corrente, mas uma aplicabilidade da eletroterapia.

 Em resumo, qualquer gerador de corrente elétrica cuja aplicação for realizada por eletrodos colocados na superfície cutânea pode ser considerado uma forma de “TENS”. O mesmo raciocínio pode ser feito para a estimulação elétrica funcional: qualquer corrente capaz de induzir a uma contração muscular a partir de seu nervo e esta for usada durante uma função pode ser considerada uma forma de “FES”. A diferença está no tipo e nas características da corrente que cada gerador traz e nos ajustes que serão realizados nos parâmetros das correntes.

            Especificamente, os geradores denominados como “TENS” e ´´FES´´ utilizam uma corrente pulsada, com fluxo de elétrons bidirecional, com frequência normalmente na faixa de 2 a 200 pps. Nesses geradores, a duração de pulso, a amplitude da corrente, as rampas de subida e de descida e os tempos ON e OFF podem ser ajustados, tendo seus valores determinados considerando-se os objetivos da estimulação.

Para uma analgesia de curta duração, por exemplo, recomenda-se frequência de 100 a 200pps; duração de pulso de 80 a 150µs; tempo de tratamento de 15 a 60min e amplitude no limiar sensitivo (paciente relata uma sensação de formigamento no local da aplicação). Já para uma analgesia de longa duração se usa frequência de 2 a 10Hz; duração de pulso de 150 a 200µs; tempo de tratamento de 30 a 40min e amplitude no limiar motor (observa-se uma contração muscular). Observa-se que em ambos os casos, os parâmetros rampas e tempo ON e OFF tem valores zero e, por esse motivo, não são citados na maioria dos protocolos para controle da dor. Em alguns geradores, padrões de modulações pré-definidas também estão presentes, como por exemplo, VIF; IFM; Burst, os quais comumente são usados quando se tem por objetivo o controle da dor.

Quando o objetivo for a promoção de contrações musculares, os ajustes no gerador “FES” são frequência de 30 a 80pps, duração de pulso de 200 a 600µs, rampa de subida de 1 a 5s, rampa de descida de 1 a 5s, tempo ON de 8 a 12s, tempo OFF de 30 a 120s. O tempo do tratamento é calculado considerando-se o tempo para a realização da função.

Diante disso, fica claro que qualquer gerador de corrente que permita o ajuste de seus parâmetros de acordo com o que se objetiva tratar, pode ser usado para controle da dor ou para promover contrações para treinos funcionais.


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