segunda-feira, 17 de novembro de 2014

QUEM NUNCA ERROU, QUE ATIRE A PRIMEIRA PEDRA... PODE ISSO?





Bem, de fato esse épico ditado popular tem uma lição de moral bastante relevante. Mas será que ele se aplica ao tratamento e reabilitação de um ser vivo, racional, consciente e que pode ter sua situação agravada pelo mau uso de um recurso físico?
Não raros são os pacientes em tratamento fisioterápico que necessitam da ajuda de algum recurso físico (laser, ultrassom, compressas quentes e frias, entre outros) para otimizar o tratamento. Louvável a decisão do fisioterapeuta em utilizar essas ferramentas. O grande problema é que, infelizmente, uma grande porção de profissionais atuantes no mercado utilizam de maneira INCORRETA, seja quanto à dose, ao número de sessões e até mesmo ao recurso mais indicado. O problema disso é que, além de não se obter o resultado esperado, cria uma imagem de que esses recursos não funcionam e o pior, pode agravar a situação do paciente, causando-lhe, por exemplo, outra lesão, diferente da que ele já possuía previamente.

PRINCIPAIS ERROS DURANTE A APLICAÇÃO DE COMPRESSAS FRIAS:
Usadas na fase de inflamação aguda, ajudam a controlar o desenvolvimento de edema e aliviar a dor. Os erros mais comuns nessa técnica são:
 
·         A compressa não ficar bem distribuída sobre o tecido, causando um resfriamento maior em alguns pontos;
·         Acomodar a compressa diretamente sobre a pele do paciente, causando queimaduras;
·         Não isolar adequadamente a compressa do ambiente, resultando em perda de calor;
·         Posicionar a compressa sobre proeminências ósseas, que resfriam muito mais rápido que os demais tecidos;
·         Exceder o tempo de aplicação de 20 minutos sem trocar a compressa. Nessa situação, ela começa a derreter e perde a eficiência.



PRINCIPAIS ERROS DURANTE A APLICAÇÃO DO LASER:
Recurso que pode ser usado para estimular o reparo tecidual, cicatrização, inibir pontos gatilho, entre outras utilidades. Os erros mais comuns no atendimento ambulatorial que utiliza esse recurso são:

·         Não direcionar o feixe de luz para a estrutura alvo;
·         A caneta posicionada em um ângulo diferente de 90° com o tecido, o que causa reflexão da luz e baixa absorção no tecido alvo;
·         Aplicar somente em um ponto, e não em toda a extensão da estrutura alvo, o que não causa efeito significativo;
·         Manter a mesma dose do inicio ao fim do tratamento.






PRINCIPAIS ERROS DURANTE A APLICAÇÃO DO TENS:

Corrente elétrica pulsada de baixa frequência, usada principalmente para analgesia. Os principais erros durante a aplicação desse recurso são:
·         Utilizar eletrodos de tamanho inadequado à área de tratamento;
·         Utilizar a combinação limiar/tempo de tratamento inadequados para o efeito esperado;
·         Não fixar adequadamente os eletrodos, o que faz com que eles se soltem durante a aplicação, podendo, inclusive, dar choques elétricos no paciente.

PRINCIPAIS ERROS DURANTE A APLICAÇÃO DO ULTRASSOM:

Ondas mecânicas produzidas por vibrações acústicas de alta frequência com baixa potência. Cria interação com os tecidos piezo elétricos, principalmente estruturas ricas em colágeno, como osso, tendão, ligamento, etc. E promove benefícios como: facilitação do reparo tecidual, aumento da permeabilidade da pele, aumento da extensibilidade do colágeno, modulação da dor, entre outros. Pode ser usado nas fases mais agudas da lesão (normalmente sem efeito térmico) e / ou na fase crônica (com efeitos térmicos).  Os principais erros cometidos durante a aplicação desse recurso são:

·         O posicionamento do cabeçote de aplicação fora da área alvo;
·         Manter o cabeçote parado durante a aplicação;
·         Permitir a formação de bolhas no gel de acoplamento, o que dissipa a onda mecânica;
·         Não ajustar os parâmetros de modo que deixe o recurso dentro da faixa terapêutica aconselhada à fase da lesão (permitir efeito térmico num processo inflamatório agudo, por exemplo);

A conclusão que se chega é que os profissionais da área não têm conhecimento suficiente para utilizar os recursos físicos no tratamento adequado dos pacientes (salvo exceções). Com isso, diminui-se muito o leque de opções para intervenção, deixando-a mais demorada e menos eficaz. O resultado é um paciente insatisfeito com o tratamento, pois envolve gastos de tempo e dinheiro sem alcançar o objetivo esperado, e um terapeuta incrédulo nos equipamentos, sendo que na verdade o problema está em falta de conhecimento teórico.

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