sexta-feira, 4 de dezembro de 2015


Quando usar uma corrente elétrica no músculo?

A corrente elétrica é o movimento de partículas carregadas através de um condutor em resposta a um campo elétrico aplicado. A excitabilidade dos tecidos nervosos e musculares fornecem a base para a aplicação terapêutica de uma corrente elétrica nestes tecidos. Os primeiros trabalhos sobre a utilização de uma corrente elétrica em tecidos vivos falam sobre a corrente galvânica (pulsos unidirecionais com duração de pelo menos 1s) para produzir contração em músculos denervados. Mais recentemente, a estimulação elétrica tem sido usada para suplementar programas de exercícios e, nos últimos 20 anos, tem sido investigada na prática clínica a habilidade do músculo esquelético de alterar suas propriedades funcionais e contráteis em resposta à eletroestimulação a longo prazo (ou crônica).

Diferenças entre EENM e EEM:

A EEM é a aplicação de uma corrente elétrica com intensidade maior, diretamente no músculo envolvido. Pode ser usada para intensificar a circulação, reduzir o espasmo, eliminar a dor e aumentar a força muscular. A EENM é empregada para a contração de músculos plégicos ou paréticos com objetivos de ganho de força e funcionalidade, podendo ser utilizada também para controlar a hipertonia espástica, devido ao mecanismo de inibição recíproca, relaxamento do músculo espástico e estimulação sensorial de vias aferentes, por meio da neuroplasticidade, modificando, assim, a propriedade elástica dos músculos e recrutando fibras musculares.

O primeiro passo na EENM clinica é a seleção de um estimulador apropriado que deve ser desenhado para permitir flexibilidade considerável no ajuste de correntes. Os principais objetivos das aplicações de EENM são: fortalecimento do músculo, melhora de amplitude de movimento, redução de espasticidade e ativação neuromuscular.

A estimulação elétrica do músculo denervado considera o seguinte: o músculo denervado irá se atrofiar, as unidades motoras irão se degenerar, tornando-se finas, fracas e convertendo as fibras resistentes a fadiga em contração rápida. O proposito básico é ajudar a minimizar a extensão da atrofia durante o período em que o nervo está se regenerando com o objetivo de reduzir, prevenir ou possivelmente reverter o curso da atrofia muscular e manter a contratilidade. A estimulação elétrica também pode beneficiar o rebrotamento e o reparo nervoso.

Assim como a EENM, é necessário selecionar adequadamente um eletroestimulador. Atualmente, os equipamentos proporcionam a opção de programar as formas de ondas de corrente mais adequadas para produzir os efeitos tissulares associados às respostas desejadas. Conhecendo as características das respostas celulares dos músculos e nervos a um impulso elétrico e os princípios da função neurofisiológica, o fisioterapeuta pode utilizar-se de um processo sistemático de escolha das melhores características de estimulação para alcançar a resposta desejada. 

Para estimular um determinado músculo, a localização do ponto motor (para os casos de EENM), o tamanho e o espaçamento do eletrodo, além da impedância dos tecidos, devem ser considerados de modo a oferecerem uma terapia mais eficiente.

O objetivo das aplicações de EENM quando se procura o fortalecimento muscular é atingir o máximo tolerável de contrações. À medida que o tratamento é continuado, a amplitude de estimulação deve ser aumentada gradualmente até que o limiar motor seja alcançado e excedido. Nas situações em que o paciente não suporte a EENM em intensidades suficientes para se produzir fortalecimento, alguns dias de adaptação podem ser necessários. Não existe um protocolo definitivo que inclua todas as variações possíveis em um programa de fortalecimento muscular. Em uma revisão na literatura disponível, observa-se que o número de contrações por sessão varia de seis a dez repetições, sendo que a maioria dos autores tem usado dez. O número de sessões de exercícios registrados variou de dois a cinco por semana.




Bibliografia:
LOW, John; REED, Ann. Eletroterapia explicada: princípios e prática. São Paulo: Manole, 2001. 472p.
KITCHEN, Sheila; BAZIN, Sarah. Eletroterapia: prática baseada em evidências. 2. ed. São Paulo: Manole, 2003. 348p.

CURRIER, Dean P.; HAYES, Karen W. Eletroterapia Clínica. 3.ed. São Paulo: Manole, 2003. 600p.

PRENTICE, William E. Modalidades terapêuticas para fisioterapeutas. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

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