domingo, 18 de outubro de 2015


     Calor ou frio antes do alongamento?  


        Hoje em dia uma das maiores causas de dor está associada à tensão muscular, causada, na maioria das vezes, pelas más posturas que adquirimos durante as atividades do dia a dia. O encurtamento muscular, que é consequência na maioria das vezes da má postura, trás restrições de movimentos e, consequentemente, o aparecimento de dores e uma diminuição do desempenho nas atividades diárias.
      O alongamento faz com que essa restrição ao movimento (desde que a causa seja o músculo encurtado) e a tensão sejam reduzidas, fazendo uma pequena cascata: maior flexibilidade -> tensão muscular diminuída -> diminuição da dor. 

Alongamento é definido como conjunto de técnicas utilizadas para manter ou aprimorar a amplitude de movimento (ADM) articular, de maneira segura e eficaz, independente da intensidade ou da forma de aplicação (Taylor, 1990; Alter, 1988; Archour, 1995; Magnusson, 1996). 

Flexibilidade é a amplitude de movimento disponível em uma articulação ou conjunto de articulações (Magnusson, 1996).
         O tecido conjuntivo possui propriedades viscoelásticas que são importantes na flexibilidade do indivíduo e é formado por um componente viscoso, que é a propriedade de um material em resistir às cargas que produzem deformação, e por um componente elástico, que torna possível o estiramento (alongamento) elástico, que é um alongamento temporário, com o tecido retornando ao seu comprimento anterior depois que o estresse é removido.
        Segundo alguns estudos, o aquecimento ou o resfriamento terapêuticos realizados antes dos exercícios de alongamento poderiam potencializar o ganho de flexibilidade, otimizando a ADM.
     As modalidades para aquecimento são classificadas como superficial e profundo, dependendo da profundidade de ação, e possuem efeitos de alivio de dor, relaxamento muscular, aumento do fluxo sanguíneo, estímulo à cicatrização, redução da rigidez articular e aumento da extensibilidade do colágeno. Este último relacionado ao enfraquecimento dos cross links (pontes de hidrogênio que ligam as moléculas de colágeno), deixando o tecido conjuntivo mais maleável, o que favorece o alongamento.
      A dose terapêutica indicada no aquecimento com a finalidade de alongar é uma dose moderada, que eleva a temperatura do tecido 42-43ºC, e a pessoa deve ter uma sensação agradável de aquecimento.
   Já o resfriamento possui efeitos de reduzir a ativação muscular reflexa e a dor (aumentando a tolerância do individuo ao alongamento) e aumenta a rigidez tecidual porque fortalece os cross links, deixando o colágeno mais rígido e, por consequência, mais quebradiço, facilitando também o ganho da ADM.
       Apesar de o resfriamento aumentar a rigidez tecidual, ele também reduz a velocidade de condução nervosa que gera efeitos importantes durante o alongamento, pois o aumento da tolerância do individuo à manobra de alongamento permitiria um maior alongamento do tecido.
     Portanto, como foi observado em estudos, tanto o aquecimento quanto o resfriamento, se adequadamente aplicados, podem ser ambos  eficazes em promover aumento da flexibilidade quando associados a exercícios de alongamento. 



Referências Bibliográficas

S.A. SILVA; D.J. OLIVEIRA; M.J.N. JAQUES e R.C Araújo. Efeito da crioterapia e termoterapia associados ao alongamento estático na flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Motricidade, Vila Real, v.6,n.4, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?pid=s1646-107x2010000400007&script=sci_arttext>. Acesso em 26 de setembro de 2015.

BUSSARELO, Fernanda de Oliveira. et al. Ganho de extensibilidade dos músculos isquiotibiais comparando o alongamento estático associado ou não à crioterapia. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 24, n. 2, p. 247-254, abr./jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/fm/v24n2/a06v24n2.pdf>. Acesso em 26 de setembro de 2015.
COSTA, Thiago Viana da. et al. Avaliação entre a eficácia do alongamento utilizando calor profundo e crioalongamento. Terapia Manual, n.1, p. 293-298, 2008. Disponível em: <http://www.researchgate.net/publication/256438778_Avaliao_entre_a_eficcia_do_alongamento_utilizando_calor_profundo_e_crioalongamento_Evoluation_between_the_effectiveness_of_strechching_using_deep_heat_and_chryostretching>. Acesso em 26 de setembro de 2015.