Calor ou frio antes do alongamento?
Hoje em dia uma das maiores
causas de dor está associada à tensão muscular, causada, na maioria das vezes,
pelas más posturas que adquirimos durante as atividades do dia a dia. O
encurtamento muscular, que é consequência na maioria das vezes da má postura,
trás restrições de movimentos e, consequentemente, o aparecimento de dores e
uma diminuição do desempenho nas atividades diárias.
O alongamento faz com que
essa restrição ao movimento (desde que a causa seja o músculo encurtado) e a tensão
sejam reduzidas, fazendo uma pequena cascata: maior flexibilidade -> tensão muscular diminuída -> diminuição da dor.
Alongamento
é definido como conjunto de técnicas utilizadas para manter ou aprimorar a amplitude
de movimento (ADM) articular, de maneira segura e eficaz, independente da intensidade
ou da forma de aplicação (Taylor, 1990; Alter, 1988; Archour, 1995; Magnusson,
1996).
Flexibilidade é a amplitude
de movimento disponível em uma articulação ou conjunto de articulações (Magnusson,
1996).
O tecido conjuntivo possui
propriedades viscoelásticas que são importantes na flexibilidade do indivíduo e
é formado por um componente viscoso, que é a propriedade de um material em
resistir às cargas que produzem deformação, e por um componente elástico, que
torna possível o estiramento (alongamento) elástico, que é um alongamento
temporário, com o tecido retornando ao seu comprimento anterior depois que o
estresse é removido.
Segundo alguns estudos, o
aquecimento ou o resfriamento terapêuticos realizados antes dos exercícios de
alongamento poderiam potencializar o ganho de flexibilidade, otimizando a ADM.
As modalidades para
aquecimento são classificadas como superficial e profundo, dependendo da
profundidade de ação, e possuem efeitos de alivio de dor, relaxamento muscular,
aumento do fluxo sanguíneo, estímulo à cicatrização, redução da rigidez
articular e aumento da extensibilidade do colágeno. Este último relacionado ao
enfraquecimento dos cross links (pontes de hidrogênio que ligam as moléculas de
colágeno), deixando o tecido conjuntivo mais maleável, o que favorece o
alongamento.
A dose terapêutica indicada
no aquecimento com a finalidade de alongar é uma dose moderada, que eleva a
temperatura do tecido 42-43ºC, e a pessoa deve ter uma sensação agradável de
aquecimento.
Já o resfriamento possui
efeitos de reduzir a ativação muscular reflexa e a dor (aumentando a tolerância
do individuo ao alongamento) e aumenta a rigidez tecidual porque fortalece os
cross links, deixando o colágeno mais rígido e, por consequência, mais
quebradiço, facilitando também o ganho da ADM.
Apesar de o
resfriamento aumentar a rigidez tecidual, ele também reduz a velocidade de
condução nervosa que gera efeitos importantes durante o alongamento, pois o
aumento da tolerância do individuo à manobra de alongamento permitiria um maior
alongamento do tecido.
Portanto, como foi observado
em estudos, tanto o aquecimento quanto o resfriamento, se adequadamente
aplicados, podem ser ambos eficazes em
promover aumento da flexibilidade quando associados a exercícios de alongamento.
Referências
Bibliográficas
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