terça-feira, 15 de setembro de 2015

Posso ganhar Massa Muscular usando Eletroterapia?

   O fenômeno descrito como Ganho de massa Muscular que também pode ser conceituado como Hipertrofia Muscular, é caracterizado como um mecanismo de adaptação das fibras musculares às demandas funcionais impostas a elas.
    A adaptação do organismo às sobrecargas tensionais é dada pelo aumento das proteínas contrateis miofibrilas, e acontece junto com a resposta metabólica que se caracteriza pelo aumento da concentração principalmente de glicogênio, água, e mitocôndrias no local.
 Por razões diversas, a sobrecarga metabólica anaeróbia (sobrecarga das fibras do tipo II) associa-se com maior grau de hipertrofia muscular do que a aeróbia. As mitocôndrias e a vascularização aumentam na sobrecarga metabólica anaeróbia em função da ativação paralela do metabolismo aeróbio.
   As fibras musculares lentas, que também são chamadas tipo I, ou fibras vermelhas, são as fibras de contração lenta do nosso corpo, pois são altamente vascularizadas, predominam nos músculos posturais e são mais resistentes à fadiga.
   As fibras musculares rápidas, que também são chamadas de tipo II ou fibras brancas, são de contração rápida e de menor vascularização.
Fibras do tipo II A – são aquelas que possuem elevado potencial oxidativo e glicolítico, resistentes à fadiga, produção de força relativamente alta.
Fibras do tipo II B – são aquelas que possuem grande capacidade glicolítica, sensíveis à fadiga e têm alta produção de força.
   Fibras do tipo II C – intermediárias entre II A e II B, pouco diferenciadas e representam cerca de 1% do total das fibras do nosso corpo. (SALGADO, 1999).
   Salgado (1999) afirma, também, que a contração muscular voluntária recruta preferencialmente as fibras do tipo I e, segundo Low e Reed (2001), a contração por estimulação elétrica recruta, em primeiro lugar, as fibras do tipo II.
   Essas diferenças neurofisiológicas entre os tipos de fibras recrutadas são confirmadas por Zatsiorsky (1999), na estimulação elétrica temos a ativação predominante das fibras de contração rápida; e na contração convencional por atividade física temos a ativação predominante das fibras de contração lenta. Em teoria essa é uma vantagem da estimulação elétrica, pois as fibras de contração rápida são principais estimuladoras para a hipertrofia muscular.
   A ultra vantagem da estimulação elétrica, citada por Weineck (1991), é que a inibição de fadiga do SNC (Sistema Nervoso Central) é evitada, com isto é possível maior número de repetições e, portanto, maior carga, o que também leva a maior massa muscular.
 De acordo com Weineck (1991), na eletroestimulação, a contração muscular não ocorre devido a um impulso comandado pelo SNC (Sistema Nervoso Central), mas devido a um estímulo elétrico.
 Devemos nos lembrar de que estímulo adequado no tempo certo é capaz de produzir respostas hormonais satisfatórias, especialmente no que diz respeito ao GH (Hormônio do Crescimento), insulina e testosterona, hormônios intimamente ligados à hipertrofia muscular.
Mas afinal, É possível se obter bons resultados no ganho de massa muscular utilizando-se da eletroterapia?
   Estudos revelam que com o equipamento e os parâmetros adequados é possível sim obter bons resultados no ganho de massa muscular utilizando-se da eletroterapia. Porém, pelo fato de a eletroterapia recrutar mais fibras do tipo II, consequentemente gera maior fadiga muscular, portanto o tempo de recuperação das fibras musculares deve ser maior do que o tempo quando se utiliza do treinamento com forças externas, este procedimento evita prováveis lesões indesejáveis nos músculos. Devemos levar em consideração que as fibras do tipo II desenvolvem maior estímulo para que haja a Hipertrofia muscular quando são trabalhadas.
   Devemos tomar cuidado com aparelhos de eletroestimulação para uso doméstico, pois segundo os estudos não são tão efetivos quanto o método de exercícios convencionais.
   Hoje em dia a eletroestimulação vem sendo usada pela Fisioterapia como suporte pré-treino para atletas, afim de promover maior fadiga muscular em treinos de resistência muscular e pode também ser empregada como auxilio no ganho de massa muscular .


Referências bibliográficas:
Artigo: "FATORES INTERVENIENTES NO GANHO DA MASSA MUSCULAR" , Jakeline Castro de Oliveira,Ana Maria da Silva Rodrigues (ANAIS do II Encontro de Educação Física e Áreas Afins; Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação Física (NEPEF) / Departamento de Educação Física / UFPI, 26 e 27 de Outubro de 2007).
Artigo: "ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NEUROMUSCULAR E EXERCÍCIOS COM MOVIMENTOS NA DIAGONAL PARA GANHO DE FORÇA EM BÍCEPS E TRÍCEPS BRAQUIAL", Oliveira, F., Maki, T., Calonego, C. A., Nascimento, N. H. e Rebelatto, J. R. (Rev. bras. fisioter. Vol. 6, No. 3 (2002), 159-165).
Artigo: "Efeitos da corrente russa no ganho de força muscular (Effects of russian current on muscle strength)" de Fábio Oliveira Maciel publicado na revista: Fisioterapia Ser • vol. 5 - nº 4 • 2010.
Artigo:"ATIVIDADE FÍSICA CONVENCIONAL (MUSCULAÇÃO) E APARELHO ELETROESTIMULADOR: UM ESTUDO DA CONTRAÇÃO MUSCULAR. ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA: MITO OU VERDADE?" - Denise Elena Grillo, Antonio Carlos Simões .( Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – 2003.
Artigo: Exercício físico versus programa de exercício pela eletroestimulação com aparelhos de uso doméstico "Physical exercise versus exercise program using electrical stimulation devices for home use". Santos FM, Rodrigues RGS, Trindade-Filho EM, ( Rev Saúde Pública 2008;42(1):117-22).
Apostila: "MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO AO EXERCÍCIO FÍSICO Texto de Apoio", Alexandre Lima Carneiro, Tiago Lopes, Prof. Doutor Adelino Leite Moreira (Porto, Ano Lectivo 2002).
Gravura 01:http://blog.ispsaude.com.br/fisioterapia/eletroterapia-aplicada-a-fisioterapia-e-fitness/(acesso dia 09/09/2015).
Gravura 02:http://www.sogab.com.br/floresdias/russajoelho.htm (acesso dia 09/09/2015).
Gravura 03:https://vocemaisaudavel.wordpress.com/category/sem-categoria/page/2/ (acesso dia 09/09/2015).
Gravura 04: http://www.uff.br/WebQuest/pdf/musc.htm (acesso dia 09/09/2015)