quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Dor do Câncer e Fisioterapia




A dor do câncer

A Sociedade Internacional para o Estudo da Dor define dor do câncer  como: "uma experiência sensorial e emocional desagradável, que é descrita em termos de lesões teciduais, reais ou potenciais. Assim, a dor é um fenômeno individual, complexo e de várias causas.
O fisioterapeuta é um dos profissionais que trabalha de forma direta com o paciente oncológico, não só durante seu processo de reabilitação, mas também na fase paliativa da doença, quando a dor é o sintoma mais frequente e causa de sofrimento desse paciente.


Uso de Recursos Terapêuticos Físicos

 Os recursos mais citados como coadjuvantes no controle desse tipo de dor são estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), termoterapia, crioterapia, massagem terapêutica e    cinesioterapia, além da orientação específica aos pacientes, cuidadores e familiares.
Essa associação de estimulação elétrica pode ajudar na redução da medicação analgésica e, consequentemente, minimizar os efeitos colaterais causados a longo prazo. No entanto, os resultados da literatura demonstraram que os estudos desenvolvidos, até agora, não oferecem evidências suficientes para recomendar ou rejeitar a utilização dos recursos citados para o controle da dor do paciente com câncer. Estudos mais controlados com metodologias adequadas são necessários para que a fisioterapia possa desenvolver sua prática baseada em evidências.

Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea


A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), é um método que utiliza a corrente elétrica para induzir analgesia. Os eletrodos são acoplados à pele, através de uma fina camada de gel, para permitir a transmissão dos impulsos elétricos para a região a ser estimulada. Os impulsos aferentes da dor ascendem pelas fibras nervosas A delta e C e são controlados por um mecanismo localizado na medula, ocorrendo a interrupção na passagem dos impulsos da dor, quando os mesmos são estimulados pelas fibras nervosas de tato. Assim, o TENS pode estimular as fibras sensoriais, e induzir analgesia. Esse processo de redução ou minimização da transmissão da dor é conhecido como neuromodulação.  Além da participação do mecanismo espinhal na analgesia induzida pela TENS, alguns estudos mostram que a estimulação elétrica nervosa transcutânea é capaz de ativar o sistema descendente inibitório da dor, e modular a atividade dos neurônios de transmissão situados na medula a partir da liberação de opióides endógenos (“analgésicos do próprio corpo”). 
Frequentemente, a TENS é usada na clínica, associado ao tratamento medicamentoso e a outras intervenções, em processos inflamatórios agudos e crônicos. Pode ser utilizada com segurança em pacientes oncológicos, desde que aplicada em locais onde a pele esteja íntegra e a sensibilidade esteja preservada. 
 
Estudos de experimentação básica mostraram que a TENS de baixa frequência é menos efetiva em animais tolerantes à morfina, quando comparada a TENS de alta frequência. A partir destes relatos, é possível observar que, pacientes em uso crônico de morfina podem não se beneficiar da analgesia induzida pela TENS de baixa frequência. Em situações de uso crônico da morfina, a TENS indicada deve ser a de alta frequência (maior que 50 Hz), por apresentar outro mecanismo de analgesia. Com a redução da dor, o paciente aumenta o seu nível de função e atividade, pode participar de programas de exercícios físicos e melhorar a sua qualidade de vida. É um recurso não invasivo e de fácil aplicação, que pode ser utilizado em pacientes jovens, adultos e idosos, com possibilidades de induzir analgesia prolongada. Não provoca efeitos colaterais, tem pouquíssimas contra-indicações, e não apresenta custo elevado.