sábado, 20 de setembro de 2014

Neuromodulação X Eletroterapia


A Neuromodulação é a alteração/modulação do sistema nervoso por estímulos elétricos. É muito útil no tratamento de patologias dolorosas e de patologias decorrentes do funcionamento defeituoso de alguns órgãos. 
A neuromodulação é utilizada pela medicina há bastante tempo, porém de forma mais invasiva. Com os avanços tecnológicos, métodos não invasivos para promovê-la têm sido desenvolvidos como, por exemplo, os que envolvem o uso de eletroterapia.

Na fisioterapia, a neuromodulação é usada para tratamento da dor há muitas décadas, atingindo várias formas de analgesia, podendo ser de efeito imediato ou duradouro. Entretanto, nos últimos anos, a eletroterapia também tem sido utilizada para tratamento da disfunção de órgãos, como a bexiga da incontinência urinária.


Incontinência urinária                                                                                

É toda perda involuntária de urina que causa problemas físicos e sociais. Uma de suas condições clínicas é chamada de síndrome da bexiga urinária hiperativa neurogênica causada, principalmente, pela hiperatividade do músculo detrusor da bexiga.



Processo de micção

Quando a bexiga enche, os seus receptores muscarínicos conduzem essa informação, através do nervo pélvico, para o sistema nervoso (SN). Em seguida o SN envia um estímulo que provoca a contração do músculo detrusor. A contração desse músculo provoca o processo de micção. Esse processo ficará alterado quando o detrusor (músculo da bexiga) sofrer de hiperatividade.
   
Como ocorre a hiperatividade do detrusor?

A hiperatividade desse músculo é caracterizada pela contração não-inibida de forma abrupta e involuntária. Nessa patologia, os receptores muscarínicos da bexiga estão muito excitáveis. Quando os receptores detectam um pouco de pressão o paciente sente a necessidade de urinar mesmo com pouca quantidade de urina armazenada. Em resposta, o detrusor contrai de maneira intensa e o paciente perde urina com maior facilidade.


Atuação da eletroterapia na neuromodulação da bexiga

Os nervos tibial posterior e pélvico são ramos provenientes do mesmo nervo espinhal cujas raízes emergem da coluna no nível de S2 a S4. 
Através de eletrodos posicionados no nervo tibial posterior e/ou na região das vértebras S2 a S4, a eletroterapia estimula as raízes sacrais enviando, através do nervo pélvico, estímulos que modulam os receptores muscarínicos da bexiga. O objetivo da eletroterapia é regularizar o mecanismo fisiológico do funcionamento do receptor e do músculo e, consequentemente, do processo miccional.

 

Parâmetros utilizados:


A corrente elétrica utilizada precisa ser de baixa frequência (4 a 10 Hz) do tipo pulsada com fluxo bidirecional e com uma duração de pulso alta (acima de 400 µs).


Referências:
- MONTEIRO, E. S., et al. Eletroestimulação transcutânea do nervo tibial posterior para bexiga hiperativa neurogênica. Revista Neurociencia. 2010; 18(2): 238-243. Disponível em: http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2010/RN1802/342%20revisao.pdf
- AVERBECK, M. A., Rios, L. A. S.; Neuromodulação Sacral para o tratamento da Bexiga Hiperativa Idiopática Refratária. UROLOGIA ESSENCIAL V.3  N.2  JUL  DEZ  2013
- A estimulação elétrica via tibial posterior no tratamento da incontinência por hiperatividade vesical. Débora Jardim Andrade, Naiára Casarin, Patrícia Melos, Tiéli Barcelos e Letícia Frigo.